quarta-feira, 24 de junho de 2009

Ganhando forças!



O artigo de hoje foi escrito pela Soninha Francine, que foi publicado na revista Vida Simples do mês de junho. Achei interessante compartilhá-lo com meus leitores, porque a escritora mostra como algumas coisas simples da nossa rotina podem ter vários significados e se tornar uma verdadeira celebração à vida.
Falar de água é falar de algo que pode driblar obstáculos, que não é rígido, que toma várias formas, que pode estar em movimento ou parado. É falar de algo que satisfaz, que sacia, que está em todos os lugares e que dá vida. Bem lembrado pela autora: somos formados de água! Nossas células são formadas na sua grande maioria por água.
Se você não vai ter oportunidade de ir se divertir numa piscina, ou de tirar umas férias na praia, aproveite os momentos de contato com a água: pode ser um banho, cachoeira, ou mesmo manter um copo de água na sua mesa de trabalho ou de estudo para te lembrar que existem várias formas diferentes de driblar os obstáculos. E quando as ondas enormes de problemas aparecerem, mergulhe e sinta a calma e o silêncio. Depois retorne, renovado e cheio de novas capacidades e idéias.

POR RIOS E MARES

Tenho sonhado muito com água, e nem é preciso ter lido Freud para arriscar explicações. Além de todos os significados ancestrais – ao que tudo indica, a vida na Terra começou na água, e o meio líquido continua sendo nosso primeiro berço -, a sensação de estar na água é indescritivelmente boa. Mar, piscina, cachoeira, chuveiro ou banheira proporcionam tamanho prazer que é incrível pensar que há gente que nunca teve a oportunidade de senti-lo. Tão simples, tão básico, tão inacessível para populações inteiras. Até os animais se esbaldam na água.
Outro dia, angustiada e confusa, sem conseguir identificar claramente a razão do mal-estar, me concedi alguns instantes de loucura – peguei o carro e fui para a praia. Em São Paulo, isso significa uma viagem de pouco mais de uma hora (em um domingo normal como era aquele). Cheguei, mergulhei no mar calmo, brinquei meia hora sozinha nas ondas e voltei. Resolvi algum problema? Nenhum. Mas dei uma recuperada em minha capacidade de lidar com eles. Lembrei-me agora de um amigo obeso que adorava piscina porque literalmente não sentia o peso do corpo. Os joelhos e as costas não doíam e os movimentos eram suaves, gostosos.
Também há muitas atividades indicadas para pessoas com deficiências de todos os tipos. Conseguir equilibrar-se na água, deslocar-se com agilidade ou deixar-se flutuar fazem com que as pessoas se sintam muito mais confiantes quando estiverem de volta ao mundo seco.
Quando eu era pequena, não havia frio que me fizesse ficar do lado de fora da água. Era uma vitória entrar no mar de qualquer jeito, ainda que ar e água estivesse gelados. Hoje tenho mais preguiça de enfrentar o choque, mas ainda me sinto vitoriosa quando consigo. E toda vez penso que entrar no mar nessa condição é como se apaixonar – você diz “ah, não ta bom aqui, não vou mergulhar”. Mas ainda se lembra de como é bom estar dentro. Aí entra. E depois acostuma e não quer sair.
Às vezes me imagino no fundo do mar, imersa em silêncio apesar da agitação da superfície. Para não ser atropelado pelo estrondo e confusão das ondas, não adianta fugir e sim mergulhar pode baixo delas. Relaxar sem deixar de perceber o movimento das águas. Meditar é um pouco assim. Flutuar, mergulhar, tomar coragem, vencer a preguiça, se esforçar, ter prazer. Quase tudo que se faz na água serve como metáfora ou exemplo de como enfrentar a vida no chão. Sem falar que nós mesmos somos água. Então, vamos nos deixar fluir, arredondando as pedras pontiagudas do caminho com persistência e suavidade.
Sejamos menos rígidos e mais dinâmicos, usando a capacidade de nos transformarmos sem perder a essência, como a água cristalina que pode estar em um riacho no meio da mata ou em uma garrafa sobre a mesa – para matar a sede ou ostentar uma flor.

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