Sempre estou procurando textos e idéias novas que nos façam pensar um pouco mais sobre nossa qualidade de vida para fazer parte desse nosso espaço. Hoje trago um texto que foi publicado pela Nuccia Gaigher, no blog dela chamado Psicologando (http://www.psicologando.blogspot.com/). O texto é da psicóloga Rosemeire e nos faz refletir sobre as agressões que enfrentamos no cotidiano e que às vezes nem nos damos conta.
Tire um momento para você, leia o texto, repense sua forma de agir e de aceitar os acontecimentos. Você vai perceber que uma mudança pode e deve acontecer!
Tire um momento para você, leia o texto, repense sua forma de agir e de aceitar os acontecimentos. Você vai perceber que uma mudança pode e deve acontecer!
AS AGRESSÕES QUE IGNORAMOS
Rosemeire Zago
Muitas vezes, somos vítimas de agressões que nem sempre nos damos conta e que com muita freqüência acontecem entre pais e filhos, famílias, casais, pessoas que se amam, enfim, nas relações cotidianas. Muitas delas nos causam culpa, doenças, conflitos. Parece ser difícil perceber essas agressões e, principalmente, os ferimentos que causam, pois em geral só é enfatizada a violência física e explícita. As agressões silenciosas nem sempre deixam marcas externas, físicas e visíveis, mas conseguem deixar marcas eternas.
Muita violência velada é transmitida pelas famílias nas entrelinhas da comunicação diária, mediante conselhos, avisos e cuidados que nos impedem de entrar em contato conosco e com nossas necessidades. Quantas famílias, ainda nos dias de hoje, ensinam que sentir e expressar sentimentos é sinal de fraqueza? Quantas vezes não fomos ou somos comparados com o irmão que é mais inteligente e que tira as melhores notas? Ou ainda, as críticas sob o legado, que são construtivas e para "nosso bem"? Que "bem" é esse que nos lembra a todo o momento que tudo que fazemos é errado? Por que é tão difícil elogiar o outro, valorizando o que faz de bom? Talvez por que irá percebê-lo como melhor? É mais fácil e tão somente, criticar?
Quantas pessoas não percebem que continuamente agridem do mesmo modo que foram agredidas? E quantas outras não permitem ser agredidas mesmo adultas? Quantas pessoas por medo permanecem acorrentadas, sem motivação interior para mudar, preferindo o comodismo, conformismo, aceitação, ainda que isso traga muito mais sofrimento que a mudança em si? Por que as pessoas esquecem que ao nascer todos trazemos dentro de nós a potencialidade para ser feliz e viver em paz? O controle e as manipulações estão presentes para dominar as emoções do outro e, inconscientemente, limitar seu crescimento.
Será que as pessoas são conscientes do quanto foram ou são vítimas da agressividade silenciosa ou o quanto reproduzem essa mesma agressividade sem se darem conta? Digo vítimas, pois constantemente são feitas com crianças. Será que o agressivo percebe quanto destrói a si mesmo e todos que estão à sua volta? Muitas vezes são pessoas tão destruídas por dentro que nem se dão conta da própria dor ou agressividade, ignorando esses comportamentos por considerá-los "normais".
As agressões silenciosas são sutis e nem sempre são fáceis de serem percebidas, e por isso, perigosas. Muitas vezes são simples gestos, olhares, que reprovam, censuram, julgam. Em muitos casos, podem gerar doenças e quase sempre aquele que adoece num grupo familiar, inconscientemente, revela a doença latente do próprio grupo, sendo freqüentemente aquele que procura ajuda, não por ser o mais doente, como muitos acreditam, mas sim o mais sensível. O perigo é reforçado pelo aspecto repetitivo das atitudes agressivas, fazendo com que os envolvidos se acostumem com tais atitudes, podendo ser consideradas normais tanto por quem faz como por quem as recebe. Muitas pessoas mantêm relacionamentos afetivos mesmo quando não há respeito, carinho, afeto, com total desinteresse pelo que faz e, principalmente, pelo que sente; da mesma maneira que foram tratadas durante suas vidas e acabaram se acostumando a essa realidade. Não conseguindo identificar a origem, os padrões se repetem, pois nem sempre há a consciência da agressão recebida. O que pode levar ao outro extremo, sentir-se agredido mesmo que não tenha sido, interpretando erroneamente alguns fatos e agindo também de modo agressivo.
Um exemplo muito simples é quando se referem a alguém como "coitado", isso pode gerar um sentimento de alguém como incapaz de se defender. Ou ainda, quando ouvimos: "fiz por você", ou "não me separei por você". A princípio pode parecer uma frase de alguém preocupado com nosso bem-estar, uma aparente valorização, mas na verdade, revela uma provocação para que se sinta culpado, como se fosse: "veja como me sacrifico por você". Ou quando foi fazer um desabafo e foi julgado em seus sentimentos, como se sentiu? Uma pessoa constantemente desvalorizada em tudo que faz, pensa ou sente, tratada com indiferença, desprezo, dificilmente acreditará em si mesma. E isso não é uma agressão silenciosa? Há muitos outros exemplos, basta lembrarmos com atenção frases que ouvimos, gestos que observamos, perguntas ou comentários que nos constrangem ou nos induzem a não reagir ou nos defendermos. Tudo aquilo que nos fere, nos agride, ainda que não seja pela violência explícita, com tapas e berros, pode ser considerada uma agressão silenciosa.
Passe um filme mentalmente sobre sua vida e perceba quantas agressões silenciosas não gritam ainda hoje, talvez depois de anos, dentro de você. Perceba quantas vezes se sentiu agredido e por não reconhecer esse fato, ainda se permite ser. O conhecimento dessas agressões pode ser muito doloroso, mas não será mais doloroso e destrutivo manter esses padrões? Só identificando seu sofrimento poderá buscar soluções e mudar aquilo que acredita ser necessário mudar. A dor será muito menor do que continuar ignorando as agressões que viveu, ou ainda, se permite viver.
*Rosemeire Zago é psicóloga clínica, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Desenvolve o autoconhecimento através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos, importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na vida de cada um, promovendo também o reencontro com a criança interior. Gostou? Entre em contato com ela pelo e-mail: r.zago@uol.com.br ou conheça seu site: http://www.somostodosum.ig.com.br/.
Aproveite também e acesse owww.psicologando.blogspot.com e consulte seus textos! Tem muita coisa boa lá! Até semana que vem!
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